O nome Melea Laff significa "lenço enrolado", denominando este estilo como "dança do lenço enrolado". A bailarina ostenta em seu figurino este lenço, com o qual realiza os movimentos que caracterizam a dança: ela o gira, o prende junto ao corpo realçando suas curvas, o transpassa entre as pernas, tudo é um jogo da sedução. O figurino então é característico: vestido curto de babados e justo, chador para cobrir o rosto (espécie de véu pequeno de crochê que se amarra na cabeça e durante a dança geralmente é colocado para trás), uma tiara na cabeça (com flores artificiais, pompons, entre outros para enfeitá-la) o tradicional véu do melea, maior (em comprimento), mais pesado e com medalhinhas ou pastilhas nas pontas para dar brilho, e tamancos (mas não muito altos para não atrapalhar a dança). Os vestidos podem ser pretos ou coloridos, floridos, o véu que é sempre preto, representando estas mulheres do Egito que andavam pelas ruas enroladas num véu preto da mesma forma que as bailarinas entram para iniciar sua performance (uma ponta presa embaixo do braço e a outra cobrindo a cabeça).
Para dançar Melea Laff é necessário parecer alegre, afinal você está "seduzindo" um marinheiro charmosíssimo que acabou de chegar no porto, ui ui ui! É preciso ser provocante, sorrir, ter entusiasmo na dança. Como nela se interpreta um estereótipo, temos um estilo carregado de gestos, olhares, posicionamentos que dizem mais do que a dança em si: encarna-se aquela mulher livre, que está se divertindo ao chamar a atenção, que paquera, que cativa com sua aparência impetuosa. Melea sem interpretação não é Melea de fato, à primeira vista ele parece não ter mistério, mas envolve aquele quê a mais que qualquer bailarina deveria ter. Não tem jeito, para dançar Melea Laff tem que arrasar
Mas de onde surgiu isso? É uma dança realmente folclórica? Se não, o que é então?
Milaya quer dizer "tecido" e laff é a palavra árabe para "enrolado". Mileya laff é, então, pano enrolado. Refere-se ao tal véu preto que a bailarina fica a enrolar e desenrolar em cena. Esse traje era muito usado no Egito recente, até meados do século XX. Não tendo dinheiro para comprar tecidos chiques, bordados e coloridos, as egípcias da periferia cobriam-se com esse véu. Iam ao mercado, passeavam, enfim, era seu traje de rua.
E a dança, onde fica?
A dança com o mileya laff é, na verdade, a teatralização de uma situação de rua. Não há uma dança social no Egito com esse tecido. Ocorre que, nas cidades portuárias, particularmente Alexandria, as mulheres baladi, ao fazer suas compras, flertavam com os marinheiros, deixando escapulir o lenço e ajustando-o em torno dos quadris. Os marinheiros tocavam a semsemeya (tipo de música e também um instrumento musical, segundo Mahmoud el Masri), além de fazer som com colheres, chamando atenção das moças.
Essa encenação foi levada aos palcos por Mahmoud Reda. Fifi Abdo e várias outras artistas também performaram com o mileya laff. A partir daí, entrou para o repertório da dança do ventre.
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